Como podem os QDAS contribuir para a qualidade da análise qualitativa de dados?*

* Excerto do artigo “Metodologia de Estudo de Caso em Saúde: Contributos para a sua Qualidade”

Por Jaime Ribeiro, Instituto Politécnico de Leiria

A investigação qualitativa pode produzir grandes quantidades de dados. Os dados podem incluir notas textuais ou transcritas de entrevistas ou grupos focais, anotações e “notas de campo” mais detalhadas de observações, um diário ou relato cronológico e notas reflexivas do investigador. Estes dados podem atingir grandes proporções: a transcrição de uma entrevista típica leva várias horas e pode gerar 20-40 páginas de texto com espaçamento simples. As transcrições e notas são os dados brutos da investigação. Fornecem um registo descritivo da investigação, mas não podem fornecer explicações. O investigador tem que organizar os dados, filtrá-los e interpretá-los.

Esta quantidade de dados, que muitas vezes se revela abismal, carece de organização, estruturação e redução sem prejuízo da qualidade das inferências que se procura produzir. O rigor deve pautar o momento de tratamento e interpretação de dados, devendo o investigador qualitativo socorrer-se de todas ferramentas disponíveis para assegurar a qualidade do seu trabalho, como o uso de software dedicado, tal como fazem aqueles que recorrem à estatística inferencial para a comprovação de hipóteses.

O uso de codificação, categorização e a identificação de temas são importantes, até mesmo indispensáveis, partes do processo da investigação qualitativa, que é usualmente muito laborioso, e frequentemente um obstáculo antecipado que pesa nas opções metodológicas, por vezes com grave prejuízo do processo de investigação. Atualmente, os pacotes de software de análise de dados qualitativos auxiliam o investigador desde a fase de planeamento da investigação, sendo extremamente úteis na organização dos dados (YIN, 2015). No caso do software webQDA (SOUZA; COSTA; MOREIRA, 2016) o mesmo permite ao investigador um “importante contributo na organização e sistematização dos dados, possibilitando questionar os dados e obter resultados pertinentes acerca do estudo” (SOUZA; COSTA; SOUZA, 2015, p.158).

Este software assente em cloud computing, possibilita a colaboração entre investigadores, analisar dados em diferentes formatos (texto, áudio, vídeo e imagem), organizar e sistematizar a análise através de uma árvore de categorias (com fácil acesso às unidades codificadas na sua fonte), manter o registo detalhado de todo o contexto de investigação, e ainda, questionar os dados, classificar relações e construir modelos (SOUZA; COSTA; SOUZA, 2015).

 

Referências

RIBEIRO, J. M.; BRANDÃO, C.; COSTA, A. P. Metodologia de Estudo de Caso em Saúde: Contributos para a sua Qualidade. In: OLIVEIRA, E. S. F. DE; BARROS, N. F. DE; SILVA, R. M. DA (Org.). Investigação Qualitativa em Saúde conhecimento e aplicabilidade. 1. ed. Oliveira de Azeméis – Aveiro – PORTUGAL: Ludomedia, 2016. p. 143–160 (no prelo).

SOUZA, Francislê Neri de, COSTA, António Pedro; MOREIRA, António webQDA. Aveiro: Micro IO. Retrieved from www.webqda.net, 2016

SOUZA, Dayse. Neri de, COSTA, António Pedro.; SOUZA, Francislê Neri de.. Desafio e inovação do estudo de caso com apoio das tecnologias. In F. N. de Souza, D. N. de Souza, & A. P. Costa (Eds.), Investigação Qualitativa: Inovação, Dilemas e Desafios (Volume 2) (1a, p. 143–162). Oliveira de Azeméis – Aveiro: Ludomedia – Conteúdos Didácticos e Lúdicos, 2015

YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos . Porto Alegre. Bookman editora, 2015

 

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