Tratamento de dados no webQDA: os procedimentos de classificação e de codificação
Por Carolina Lopes Araújo, Universidade de Brasília (UnB)
O software de análise qualitativa webQDA apresenta algumas ferramentas que facilitam enormemente o trabalho do investigador nas tarefas de reunir, organizar, tratar e analisar os dados. As funcionalidades oferecidas pelo webQDA são versáteis e condizem com grande variedade de objetivos e manuseio dos dados quando se realiza uma investigação de caráter qualitativo.
Neste breve texto, apresentaremos quatro funcionalidades oferecidas pelo webQDA, que facilitam as operações de codificação e classificação dos dados. São elas: os descritores e as classificações (codificação descritiva), os códigos árvore e os códigos livres (codificação interpretativa).
Observe que fala-se aqui de categorias analíticas e não de operações de consulta aos dados. Não se trata aqui, tampouco, das múltiplas formas de importação dos dados para a plataforma nem dos formatos ou da origem pelos quais esses dados podem chegar ao investigador. De todos os modos, é preciso reiterar a importância de se cuidar da forma como se organizam as bases de dados, pois isso condicionará o tratamento dos dados, bem como os resultados que eles podem oferecer.
Então, passando às categorias de dados, as fontes podem ser classificadas (em descritores ou em classificações) ou codificadas (em códigos árvore em códigos livres). A principal diferença entre esses dois tipos de categorias reside em suas utilidades nas análises: as classificações e os descritores facilitam a filtragem das fontes a partir de valores de atributos, isto é, segundo classificação em critérios criados a priori pelo autor do projeto (você!), ao tempo em que a codificação permite destacar e separar as passagens de texto codificadas em dada categoria – que pode ser definida à priori ou na medida em que se avança na leitura / análise do material.
Os descritores permitem classificar uma mesma fonte (inteiramente ou parcialmente) segundo valores de diversos atributos ao mesmo tempo. Um uso muito prático dos descritores pode ser realizado quando da importação de planilhas que sintetizam respostas (como numa planilha de Excel derivada do cômputo de respostas em um formulário eletrônico do Google Forms ou do Survey Monkey, por exemplo). Considerando que cada linha contenha as respostas de um respondente, é possível importar a planilha como uma fonte já marcada por valores de atributos ao indicarmos quais colunas contêm os descritores que se queira considerar no tratamento dos dados (veja como neste Webinar >>). Descritores de gênero, faixa etária, entre outros, bem como respostas de questões de múltipla escolha ou de escala Likert podem servir a caracterizar trechos do documento importado como fonte. Importante realçar que os nomes dos atributos não devem ultrapassar 100 caracteres.
Já as classificações se prestam a classificar fontes ou códigos como um todo. Isto quer dizer que as “classificações” marcam inteiramente (e não parte dele, como podem fazer os descritores) os documentos importados como fontes. As classificações também podem ser aplicadas sobre os códigos (sejam códigos livres ou códigos árvore) que você criou para seu projeto. Assim como no caso dos descritores, os atributos e seus respectivos valores (variáveis) devem ser definidos antes que se proceda sua atribuição às fontes ou aos códigos. As classificações também se prestam à filtragem dos códigos e das fontes e, assim como os descritores, se revelam muito úteis na composição das matrizes de questionamentos, além de servirem como critério de restrições (inclusão ou exclusão) quando dos questionamentos (que é como o webQDA denomina as funções de consultas aos dados).
Como mencionado anteriormente, os códigos se prestam a realçar e destacar trechos das fontes que devem ser reunidos sob uma mesma categoria. Metaforicamente, a codificação destaca e reúne partes das fontes como o faríamos manualmente com o uso de uma tesoura e várias caixinhas. Cada código se presta como uma categoria de codificação (ou uma caixinha que reúne trechos da fonte a serem analisados). No caso dos códigos árvore, uma categoria pode se subdividir em outras categorias (como uma caixinha com subdivisões internas) auxiliando a organizar os processos de tratamento e análise dos dados.
Já os códigos livres não presumem essa organização em subcategorias, mas é possível organizá-los em pastas, se necessário reunirem-se entre si. No caso dos códigos livres, a função “código aberto” do webQDA é muito útil para criar categorias de codificação a partir do próprio texto das fontes. Esse procedimento se mostra econômico em tempo e evita erros de digitação nos nomes dos códigos, mas é aplicado somente para gerar código livres – não se aplicam para criar códigos árvore.
A categorização das fontes, por meio das codificações e das classificações, é a função essencial do processo analítico que se realiza com a ajuda de programas de análise qualitativa, como o webQDA. Portanto, para que se possa sorver o melhor das funcionalidades do software, é útil conhecer os tipos de categorias, suas aplicabilidades e peculiaridades. Nosso intuito com esse breve texto foi oferecer-lhe uma ajuda nessa tarefa. Para conhecer mais sobre o webQDA e suas potencialidades, vale consultar, para além dos artigos desse blog, os vídeos dos Webinars disponíveis na aba “Recursos” no site webqda.net. Nessa aba também estão disponíveis artigos, livros e teses que explicam e exemplificam a aplicação do software em pesquisas.
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